Manual do cuidador 2024/25. Quando alguém próximo adoece, adaptar-se a essa nova realidade é certamente difícil.
A presença de um doente com necessidades permanentes no domicílio altera inesperadamente as rotinas e prioridades do cuidador.
Perante o esforço exigido, é normal que o cuidador por vezes se sinta incapaz de lidar com a situação, exausto física e emocionalmente, sozinho e com medos.
Cuide de si
Ao começar a prestar cuidados ao dependente, pode “esquecer-se” temporariamente dos seus familiares e até de si próprio.
Pense que, se não estiver bem, não poderá prestar os cuidados que o doente necessita. Em seguida, deixamos alguns conselhos:
Comunicar não é apenas falar. Estar presente e saber ouvir é tão ou mais importante que falar.
Quando o doente tem dificuldade em comunicar verbalmente, devemos estar atentos à sua linguagem corporal: expressão do rosto, gestos e tom de voz.
Nunca faça promessas que não possa cumprir, não dê falsas esperanças, não julgue o que o doente diz ou faz e tente não mudar de assunto para ele não se sentir desvalorizado.
O dependente necessita de afeto e compreensão: o toque, o abraço, o segurar da mão e acariciar são formas de demonstrar isso.
O local mais importante para o doente é onde ele permanece a maior parte do tempo e onde recebe os cuidados. É essencial que seja um lugar seguro e confortável:
A higiene é um dos fatores mais importantes para o conforto e qualidade de vida de uma pessoa.
É importante que o cuidador avalie o grau de dependência do doente em relação à higiene pessoal, tendo em conta a sua segurança.
O cuidador deve auxiliar o doente apenas o necessário, estimulando ao máximo a sua participação.
Higiene oral
A higiene oral é uma parte fundamental nos cuidados de higiene, não só mantém o doente mais confortável como:
Inicie o banho pelo rosto (sem esquecer olhos e orelhas) e prossiga até aos pés (lave o cabelo sempre que necessário). Lave uma parte do corpo de cada vez, destapando apenas essa zona. Seque o corpo à medida que vai lavando, com especial atenção às pregas da pele (mamas, axilas e entre os dedos). Ajude o doente a voltar-se de lado para lavar as costas. Lave a zona genital e anal no fim do banho, da frente para trás. Se o doente for homem, puxe cuidadosamente a pele que cobre o pénis, lave e seque.
Troque a água das bacias sempre que estiver suja ou fria, deixando o doente numa posição confortável e segura.
Por fim, vista o doente e coloque-o numa posição confortável.
Quando não for possível o banho completo, lave pelo menos a cara, as mãos, as axilas e os genitais do doente diariamente.
Os rins produzem a urina que se acumula na bexiga, sendo esvaziada para o exterior através de um canal chamado uretra.
A sonda vesical é um tubo ou sistema de tubos utilizado para esvaziar e recolher a urina da bexiga. Utiliza-se quando o doente não consegue urinar, porque a saída está obstruída ou porque existe uma alteração nos nervos que controlam o esvaziamento da bexiga.
Também se utiliza caso ocorram perdas de urina que determinam problemas graves de higiene.
Por fim, podem também usar-se para introduzir medicamentos na bexiga, obter amostras de urina ou controlar a quantidade de urina produzida.
Introduza a sonda, após a aplicação de um gel lubrificante, pela uretra até à bexiga, e insufle um balão existente na ponta do tubo para que este não saia.
As sondas vesicais de longa duração necessitam de alguns cuidados para prevenir a infeção, manter a permeabilidade, prevenir a ocorrência de traumatismo dos tecidos e formação de úlceras e providenciar o conforto do doente.
O doente deve beber pelo menos 2L de água diários;
Para quem passa longos períodos de tempo numa cama, é ainda mais importante que esta esteja sempre limpa e cómoda. Utilize lençóis 100% algodão – evitam a transpiração do doente e podem ser lavados a altas temperaturas.
Ao passo que no verão, coloque uma manta de algodão leve e, no inverno, um cobertor de lã mais pesado.
Com efeito se necessário, mude diariamente os lençóis da cama. Se não, mantenha-os sempre bem esticados e livres de migalhas ou outros vestígios de comida.
Às vezes os lençóis enrugados são desconfortáveis, podem restringir a circulação e contribuir para a formação de feridas.
O doente deve sair da cama para que esta possa ser mudada, permitindo-lhe também realizar algum exercício e distrair-se. Caso não seja possível sair da cama, mudar os lençóis requererá alguma destreza.
Se a cama tiver rodas certifique-se que está travada e coloque a cabeceira na horizontal (se isso não prejudicar o doente).
Deste modo deixamos aqui neste Manual do cuidador algumas dicas ainda assim como forma de dar um contributo na sua árdua tarefa, pois temos bem presente como quanto assim é, forca e muito amor pois um dia será compensada de certo.